quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Arronches - Capitão Augusto Picão Tello Escritor e Combatente da Grande Guerra



Augusto Picão da Silva Tello nasceu em Arronches a 15 de Fevereiro de 1894. Filho de José da Silva Lobão Telo e de Ana Teodora da Silva Telo.
Nasceu numa família numerosa, tendo tido quatro irmãos, a Ana o Miguel, Mário, António e o conhecido jornalista elvense José Picão Telo.
Estudante distinto Augusto Telo, obteve excelentes classificações em todas as escolas por onde passou.
Frequentou os Liceus de Portalegre e Pedro Nunes, de Lisboa, a Escola Politécnica, o Instituto Superior Técnico, a Escola Militar e a Universidade de Coimbra. Além do curso da arma de artilharia, possuía o quarto ano completo de engenharia.
Alistado como voluntário no Regimento de Cavalaria 1, em 26 de Setembro de 1916, foi promovido a alferes a 22 de Outubro de 1917, sendo aspirante a oficial do regimento de Artilharia 3, a Tenente por decreto de 1 de Dezembro de 1921 e a Capitão em Dezembro de 1927.
A 28 de Março de 1921 casou com Maria Júlia Nunes da Silva, de cuja união nasceriam dois filhos.

O Capitão Augusto Tello fez parte do Corpo Expedicionário Português a França, combateu na Grande Guerra de 1917 a 1918, onde foi atingido por gases. Na batalha de 9 de Abril foi feito prisioneiro dos alemães, sendo internado no campo de Uchester meen Fuchesberg.
Os maus-tratos que sofreu durante a prisão neste campo e a intoxicação pelos gases, de que foi vitima no campo de batalha, foram as causas principais de uma doença que durante alguns anos lhe causou atroz sofrimento, acabando por o falecer a 8 de Fevereiro de 1932.
Possuía as seguintes condecorações: Cruz de Guerra, Oficial da Ordem Militar de Aviz, medalha comemorativa da campanha de França 1917 -1918, medalha da Vitoria e medalha militar de Prata da classe de comportamento exemplar.

Aos 21 anos fez Augusto Tello, na Liga Naval Portuguesa, uma conferencia subordinada ao tema “A Família e a Tradição”, tendo realizado outras conferencias na Escola de Guerra, na Associação Académica de Coimbra, no Liceu de Portalegre, pouco tempo antes de piorar o seu estado de saúde, havia sido convidado para fazer uma conferencia no Grémio Alentejano, sobre os “Campos do Alentejo”.A sua actividade literária, condicionada pela doença de guerra que afectou, resumiu-se á publicação de um único livro de versos, intitulado “Intimas”, publicado em 1921 pela Casa Moura Marques, de Coimbra, livro dedicado a seus pais, onde numa dedicatória manuscrita diz: «A meus pais, a quem tudo devo, com um beijo de gratidão e amor eterno, ofereço os meus primeiros versos».

Com apenas 15 anos Augusto Tello, dedicou a seu pai, que pela força do destino, se viu forçado a ir procurar em terras de África o pão para o sustento da sua numerosa família, um sentido soneto que transcrevemos do seu livro “Intimas”.
Quando a morte o surpreendeu tinha prestes a entrar no prelo, possivelmente na Imprensa da Universidade de Coimbra, um valioso estudo sobre “Os Barros de Estremoz”. No seu espólio literário deixou “Breves elementos para o estudo do estilo romântico”, cuja publicação se iniciou no extinto jornal “Correio Elvense”.

A sua casa de Coimbra, aquando dos seu tempos de estudante foi uma espécie de cenáculo onde em animadas tertúlias participaram nomes brilhantes da literatura e da cátedra portuguesas, tais como Eugénio de Castro, Virgílio Correia os doutores Serras e Silva e Elísio de Moura, Vitorino Nemésio, António Vitorino entre outros.
Grande amigo e admirador do escritor António Sardinha, foi quem maior influencia exerceu no seu espírito, com António Sardinha manteve até a morte do poeta de Monforte, as mais fraternas relações pessoais e intelectuais.
Nascido em Arronches, 
e prematuramente desaparecido, o Capitão Augusto Picão da Silva Tello, pela sua actividade literária e postura exemplar como homem de cultura e militar, foi um arronchense ilustre digno de reconhecimento público.

Fica a sugestão porque não homenagear-mos o Capitão Augusto Tello, reeditando o seu livro “Íntimas”, ou mesmo editando algum dos seus trabalhos ainda inéditos, efectuar uma pequena mostra na Biblioteca Municipal alusiva ao Capitão Augusto Telo. Ou ainda porque não homenagear este e outros ilustres arronchenses na área da toponímia local atribuindo o seu nome a uma das ruas de Arronches, agora simplesmente denominadas por ruas A ou B.

Soneto dedicado ao pai
Desde o dia chuvoso, em que partiste
A procurar o pão p’ra todos nós,
Anda a minh’alma amargurada e triste,
Com ânsias loucas de te ouvir a voz.

Dentro do peito, no meu peito existe,
Rio de mágoas, de ignorada foz,
Desde o dia chuvoso em que partiste,
A procurar o pão p’ra todos nós.

Como Cristo subindo o seu calvário,
Cingindo já em mente o seu sudário
Tinha saudades de Seu Pai Celeste,

Assim também pela vida adiante,
Suporto a minha cruz de cada instante,
Lembrando o beijo que no cais me deste.


Referências bibliográficas:

-Intimas, Coimbra: Viana e Dias, 1921.

- Artigo publicado no nº. 76 (2ª série) do jornal “Correio Elvense”, correspondente a domingo, 14 de Fevereiro de 1932.

«A Participação de Portugal na Grande Guerra», Luís Alves de Fraga, in História Contemporânea de Portugal (Dir. João Medina), Primeira República, tomo II, Lisboa, Amigos do Livro, Editores, 1985, pp. 34-53.

7 comentários:

  1. Meu caro já deveria ter aprendido que por cá santos de casa não fazem milagres, acaso Arronches fez alguma coisa pelos também arronchenses irmãos Félix, Artur Semedo ou Alfredo Saramago entre outros.
    Que me recorde apenas foi homenageado por iniciativa do Fernando Marques do jornal Notícias de Arronches o futebolista, internacional pela selecção Portuguesa, Francisco Palmeiro.
    Depois com a ingerência da política e excesso medalhados por dá cá aquela palha os prémios da gala do Notícias de Arronches que começaram bem acabariam mal.

    César

    ResponderEliminar
  2. Se possível gostaria que me informa-se se o Capitão Augusto Telo está sepultado no cemitério de Arronches.
    Por razões óbvias agradeço que não publique o meu contacto de e-mail no blogs.
    Ana

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Está sepultado no Cemitério de Elvas, Terra Natal da família de sua mulher, ambos meus Avós.

      Eliminar
    2. Está sepultado no Cemitério de Elvas, Terra Natal da família de sua mulher, ambos meus Avós.

      Eliminar
  3. Arronches em Notícias

    Informação:

    Embora sem certeza, julgo que o Capitão Augusto Picão Telo, foi sepultado no cemitério municipal de Elvas.

    ResponderEliminar
  4. eu acho que arronches e o seu jornal fizeram mal em nao homenagearem alfredo saramago pois este foi um grande arronchense e pessoa

    ResponderEliminar
  5. É verdade, por aquilo que tenho lido, Alfredo Saramago foi um homem que sempre amou a sua terra. É bom que nunca esqueçamos os nossos filhos, aqui em Arronches não foi esse o caso.
    Estão desculpados. Aposto que se fosse algum político vocês não o esqueciam.

    ResponderEliminar