segunda-feira, 30 de abril de 2012

Arronches - Concertos de coros encerra Festival de Música Sacra


Terminou ontem, dia 29 de Abril, a primeira edição do Festival de Música Sacra de Arronches, com a presença do Orfeão de Portalegre e do Coral Públia Hortênsia de Castro de Elvas, com a participação da soprano Jacinta Almeida, acompanhada no órgão positivo da Igreja Matriz pelo maestro Amadeu d’Almeida, tendo este sido mais um magnífico momento e uma festa da música polifónica, em que se puderam escutar peças de Haendel, Palestrina, Vivaldi, Haydn, Mozart, Webber, para além de um repertório da polifonia sacra portuguesa mais recente e da polifonia portuguesa renascentista (neste caso a cargo do Orfeão de Portalegre). Aliás, o Orfeão de Portalegre, de uma excelente solidez na afinação, insistiu nos temas renascentistas, tendo sido feita uma passagem interessante para o repertório do coral de Elvas que interpretou obras do período barroco e clássico, assistidas de forma iluminante pela voz incomparavelmente doce e colorida da soprano Jacinta Almeida. Dona de um timbre cintilante e aveludado, Jacinta Almeida não necessitou de forçar a agilidade vocal nem de usar de efeitos contrastantes acentuados para conseguir obter uma atmosfera emocional invejável, sobrepondo, em algumas ocasiões, a sua voz à do coral que a seguia. De facto, Jacinta Almeida, podendo combinar de forma explosiva os efeitos contrastantes da sua voz, os cambiantes dinâmicos e abruptos, optou por uma linha mais contida (percebeu-se a sua capacidade na oscilação grave/agudo, na facilidade do vibrato), conduzindo-nos para um plano maravilhosamente espiritual – a sua interpretação de “Nun beut die flur” de Haydn foi mesmo sublime. Também o maestro Amadeu d’Oliveira pareceu à vontade no órgão positivo, comprovando o seu profundo virtuosismo como pianista, embora reconhecesse a dificuldade em aplicar a sua técnica a um órgão sujeito a efeitos de grande variação de temperatura. Quanto ao maestro Domingos Redondo há que dizer que teve uma prestação simplesmente impecável na regência do Orfeão de Portalegre, sabendo fazer acentuar os efeitos de dinâmica do coro e conferindo-lhe de forma exímia a agilidade e os efeitos de grande contenção, necessários ao espírito do concerto.

Com este último concerto, fechou-se o ciclo de concertos de Páscoa que passou, anteriormente, por um concerto de órgão e um concerto de câmara, desejando-se que Arronches possa manter um festival regular de futuro. Notou-se sempre um crescendo na afluência de público, sinal de que as temporadas acabam por criar hábitos. Mas mais importante terá sido a sagração da espiritualidade que passou pela Igreja Matriz durante este período. A Paróquia de Arronches congratula-se pela presença de todos os que assistiram aos concertos e pela forma como o Município de Arronches apoiou a iniciativa, contando que esse apoio possa ter continuidade no próximo ano.



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