sábado, 9 de abril de 2016

Arronches - Túberas ou "trufas alentejanas" juntam amigos à mesa


 Em ano de túberas como é o caso de 2016, ou das “trufas brancas alentejanas”, como são conhecidas por muitos, mas seja como for, as túberas são fungos, comestíveis, de forma arredondada (mais ou menos irregular), com sabor e aroma intenso, que se encontram com relativa facilidade nos campos do Alentejo. Desde a época romana que as “trufas” constituem uma iguaria muito apreciada, podendo atingir preços verdadeiramente exorbitantes.

Um pouco por todo o Alentejo e Extremadura espanhola, e em particular na zona raiana de Arronches, esta época foi excepcional na “apanha da túbera”, num ritual que passou de geração em geração e que consiste na capacidade de observação do terreno e de sinais (evidentes ou não) da presença das ditas túberas.

Um sacho para revolver a terra, e uma dose (grande) de paciência e sabedoria, são o essencial para encontrar as túberas no campo, normalmente, é nos terrenos mais “moles”, segundo os entendidos, lavrados há 2/3 anos e com “mato novo” que as túberas aparecem com maior frequência. Há, inclusive, uma linguagem muito própria deste ritual. A presença de uma zona do solo com fendas, o chamado “escarchão” é, por norma, um sinal a reter. Caso se encontre alguma túbera isolada, também, não deve abandonar-se o local, pois nas proximidades estará, diz quem sabe, um conjunto maior das ditas – a chamada “leira”. Os idosos por norma expert na matéria, depois de encontrarem uma túbera isolada, tinham por hábito trautear uma espécie de lengalenga que, segundo a sua crença, ajudaria a encontrar o referido conjunto: “Parceira, parceira, dá-me a tua leira!”

Como a tradição (neste domínio) ainda é o que era, apanhar túberas continua a ser um acontecimento frequente nos campos alentejanos, sobretudo, nos meses de março e abril, as túberas continuam a juntar amigos à volta da mesa em tascas e cafés, como aconteceu por exemplo no Snack Bar 14, em Arronches numa tarde de abril, com umas “Túberas com Ovos”, acompanhadas com um bom tinto da região.
Fotos: E. Moitas 







Sem comentários:

Enviar um comentário